Os diretores e seus filmes
Argelino, Merzak Allouche é uma das principais vozes do cinema magrebino contemporâneo. Sua primeira realização, das doze que reúne em seu currículo, foi “Omar Gatlato” (1976). Com “Bab El Oued City” (1993), exibido pela Mostra Mundo Árabe de Cinema em 2006, Allouache estruturou uma narrativa sobre a condição de uma mulher abandonada na Argélia pelo seu marido emigrante. “Harragas”, de 2009, se situa como continuidade dessa temática, na medida em que aborda as recorrentes e trágicas condições de vida de jovens argelinos, propulsoras de emigrações ilegais. “Chouchou” foi lançado em 2003 e se tornou seu maior sucesso comercial. Um ano depois ele dirigiu “Bab El Web” (Porta da Web). Comédias populares são recorrentes em sua obra cinematográfica, entretanto, o diretor não se restringe a esse gênero.
Amin Matalqa (1976)
Diretor de “Captain Abu Raed” (Capitão da Esperança), junto com Nadim Sawalha, filme que reúne 25 prêmios internacionais, sendo o primeiro filme jordaniano a ser indicado para a categoria de “Melhor Filme Estrangeiro” da história do Oscar. Nascido na Jordânia, Amin Matalqa migrou para os EUA. Fez 25 curtas antes de realizar sua primeira produção de ficção. Vive em Los Angeles, onde trabalha com humor. Seus próximos filmes serão as comédias “Welcome to Nowhere” e “Yasmeen”, esta última escrita por sua esposa, Claire.
Nadim Sawalha (1935)
Nasceu na Jordânia e naturalizou-se Inglês. Atuou em mais de 100 filmes e foi aclamado em diversos festivais. Além de ator, também trabalha como diretor, tendo recebido excelentes críticas por seu trabalho no filme “Capitão da Esperança”.
O paulistano Paschoal Samora e a gaúcha Stela Grisotti atuam como diretores e produtores de documentários. Entre eles está “A Chave da Casa”, que registra a vida de refugiados palestinos a caminho do Brasil. A produção recebeu prêmios internacionais e foi exibida no festival É Tudo Verdade de 2009. Stela trabalha há mais de 15 anos como pesquisadora, roteirista e diretora de documentários para cinema e televisão. Outros trabalhos seus de destaque são: “O dia que durou 21 Anos”, “Chico Mendes”, “Batismo de sangue”, e “No olho do furacão”.
Rawan Damen é nascida na Cisjordânia, vive atualmente no Qatar. Jornalista e mestre em Comunicação pela Universidade de Leeds, Inglaterra, é diretora e produtora da TV Al Jazeera e atua como diretora de cinema. Filmou documentários importantes sobre a mulher árabe em diversas atividades profissionais e na sociedade. Realizou o filme Al Nakba (A Catástrofe), dividido em duas partes, sendo que a primeira foi exibida na Mostra Imagens do Oriente de 2009. Com este documentário, ganhou diversos prêmios e foi elogiada internacionalmente pelo conteúdo histórico e conceitual, baseado em anos de estudos e pesquisas documentais.
Yorgos Avgeropoulos (1971)
Nascido em Atenas, Yorgos é um jovem jornalista e documentarista. Em 2000, criou a série de documentários “Exandas”. Ganhadora de vários prêmios a série foi exibida em diferentes países, e está atualmente na TV grega.
Yiannis Karipidis (1957)
Nascido em Alexandroupoli, no distrito de Evros, é graduado em Engenharia Mecânica pela Escola Politécnica da Universidade de Patras. Trabalha como Diretor desde 1985 e foi declarado Embaixador da Resistência Palestina em agosto de 2009. Atualmente vive e trabalha em Komotini. Dirigiu juntamente com Avgeropoulos o documentário Flotilha da paz.
Argelino, imigrou para a França em 1968 com seus pais. Depois de terminar os estudos em Ciências Naturais, em 1999, fundou a Produtora Sarrazink. Em 2001, realizou seu primeiro longa-metragem “Wesh Wesh”, que ganhou o prêmio Leo Sheer. Tem como característica investir em suas produções apenas recursos próprios, fazendo os cenários e a interpretação. Em 2006, seu documentário “Bled Number One” recebeu uma indicação para o prêmio jovem do Festival de Cannes. Em 2008, realizou o filme “Dernier Maquis” (O último reduto), selecionado no Festival de Cannes durante a Quinzena dos Realizadores. Os três longas do diretor, representam uma espécie de trilogia onde ele apresenta de maneira crítica o cotidiano difícil dos imigrantes do norte da África na Europa.
Nascida nos Estados Unidos e filha de pais iraquianos, vive atualmente no Reino Unido, onde estudou filosofia e cinema. Trabalhou por vários anos como editora de documentários para TV, como O “Vozes de Gaza” e “Mulheres iraquianas: vozes do exílio”. Outros trabalhos dirigidos por ela são “Viagem iraquiana” e “Vivendo com o passado: pessoas e monumentos no Cairo medieval”. Desde 1994 dirige documentários de forma independente. Maysoon também tem trabalhado como professora de direção e edição de cinema e vídeo na Inglaterra, Jerusalém e Gaza. Em 2004, junto com seu colega Kasim Abid, fundou em Bagdá a Escola de Cinema Independente e Televisão. Sua última realização, em 2009, foi o documentário “Open Shutters” (Câmeras abertas).
Diretora franco-libanesa, ela começou sua carreira como jornalista e trabalhou como repórter de televisão, relatando a guerra civil no Líbano. Em 1975 fez seu primeiro documentário. Ainda como jornalista, cobriu outros conflitos no Oriente médio e no Irã, além da guerra do Polisário, no Magreb. Seus filmes independentes receberam diversos prêmios. Mais tarde ela foi para o sudeste da Ásia, pós-guerra do Vietnã, onde fez o documentário “Lady from Saigon”. De volta ao Líbano, em 1981, trabalhou como segunda diretora do filme "Circle of Deceit” (Circulo de decepção), dirigido por Volker Schlondorff. Em 1995, lançou seu primeiro filme “Supended life” (Vida suspensa). Em 2005, entre viagens de Beirute ao Cairo e a Paris, ela dirigiu “Dunia-kiss me not on my eyes” (Dunia ( Beije-me, mas não nos olhos)). Em 2007, Jocelyn se lançou ao mundo da fotografia.
Diretor egípcio, graduou-se em economia e ciências políticas, na Universidade do Cairo. Em 1978 viajou para o Líbano, onde se tornou jornalista. Sua carreira no cinema começou em 1980, como assistente de Volker Schlö, no filme “Die Fälschung” (Círculo de decepção), e de Youssef Chahine, nas produções “Al-Dhakira” e “Adieu Bonaparte”. Em 1987, dirigiu seu primeiro filme “Sarikat Sayfiyah” (Roubo de verão), produzido por Youssef Chahine e considerado uma das principais contribuições para o renascimento do cinema egípcio. Nasrallah trabalhou em parceria com Chahine em vários outros filmes, chegando a ser considerado seu sucessor. Entre suas produções de destaque está “Bab El Shams” (A porta do sol), de 2004, exibido na 3ª Mostra Mundo Árabe de Cinema. Em 2009, ele dirigiu seu sétimo filme, Ehki ya shahrazade (Sherazade, conte-me uma história), que, como outros de sua autoria, recebeu diversos prêmios e elogios da crítica.
Nascida em Omaha, nos Estados Unidos, é filha de pai palestino e mãe jordaniana, cresceu em Ohio (EUA) e na Jordânia. Viveu sua infância e juventude na chamada “crise de identidade”. Formou-se pela Universidade de Columbia, atuou como escritora e produtora de TV. Seu primeiro curta-metragem, “Faça um desejo”, foi premiado em diversos festivais e recebeu o prêmio “Golden Murh”, do Festival de Dubai. Ela também escreveu a série para televisão “The L Word” (A palavra L). Dabis revelou de fato seu talento no cinema com o filme “Amreeka” (América) que foi premiado em 2009 no Sundace Film Festival, no Festival de Cinema Internacional do Cairo e no Festival de Cannes. Em 2009, foi escolhida pela Revista Variety para a lista dos “Dez diretores que devem ser assistidos”.
Nasceu e passou sua infância e juventude na Argélia onde frequentou a Escola Saint Joseph até esta ser estatizada em 1976, finalizando seus estudos secundários na França. Iniciou a faculdade de Direito, mas antes de termina-la, mudou-se para Londres. Mais tarde voltou a Paris e passou a frequentar a Escola de Artes Dramáticas do Chaillot National Theatre e o Theatre du Soleil. Nesta época também estudou Cinema no New School for Social Research, em Nova Iorque, quando fez dois curta-metragens, ganhando prêmios nos festivais universitários.
A partir de 2000, realizou os filmes “O harém de Madame Osmane”, “Vive Lalgerie” e mais recentemente “Delice Palome” (Os encantos de Paloma).
Júlia Bacha
Nasceu no Rio de Janeiro e é descendente de libaneses. Mudou-se para os Estados Unidos aos 17 anos para estudar a História e Política do Oriente Médio, na Columbia University. Foi aceita pela Universidade de Teerã para cursar o mestrado, mas acabou indo para o Cairo, para trabalhar no documentário “Control Room”. Em 2006 conheceu Roni Avni e filmaram o documentário “Encounter Point” (Ponto de encontro) que foi indicado e premiado em vários festivais de prestígio.
Ronit Avni
Israelense e ativista pela paz, graduou-se em Vassar College. Entre 2000 e 2003 realizou documentários diversos enquanto trabalhava para a fundação do músico Peter Gabriel. Atuou em diversos movimentos pela paz e pelos direitos humanos. Em 2006, junto com Julia Bacha, realizou o filme “Ponto de encontro” dando início a uma relação forte de amizade. Juntas, fundaram a produtora “Just Vision” uma organização que realiza filmes, palestras, debates e workshops em todo o mundo sobre o tema da reconciliação e coexistência entre palestinos e israelenses. Recentemente, ambas também filmaram o documentário “Budrus” que tem sido indicado a vários prêmios.
Nasceu em Oujda, Marrocos, e estudou na Université d’Aix-en-Provence, na França. Entre seus longas estão “L’Amour” (1989), “Sabine” (1992), “Muriel fait le désespoir de ses parents” (1995), “Mes Dix-sept Ans” (1996), “Les Étrangers” (1999), “Samia” (2000), “Grégoire peut mieux faire” (2001), “La Trahison” (2005) e "Dans la Vie (2007)".
Nascido na Tunísia em 1948, Nacer Khemir ou, como ele insiste em ser chamado, Mohamed Al Nasir Al Khumeir é um poeta, escultor, calígrafo, contador de estórias, muito mais conhecido por ser um diretor de cinema premiado. Desde a infância, viveu em uma cultura de narrativas e adquiriu um hábito permanente de colecioná-las e escrevê-las. Em 1982, foi convidado por Antoine Vitez a contar uma estória na montagem de As Mil e uma noites apresentada no Theatre Nationale du Chaillot. A partir de então, iniciou a realização do filme que inaugurou a trilogia do deserto (Wanderers of the Desert, 1984) e influenciou enormemente o seu trabalho como ator e diretor de cinema.
Seus filmes são sempre repletos de fábulas e remontam à glória dos tempos das estórias árabes. Ele faz isso com um forte simbolismo que remete a uma grande viagem interior. Como vários intelectuais do mundo árabe, mesmo com sua formação francesa, Khemir tem forte identidade cultural com a sua origem. É considerado um arabista e estudioso da literatura árabe que mostra certa impaciência com a superficialidade das artes e das relações nos meios culturais atuais. Muito do seu trabalho traz diálogos, expressões e imagens que muitos podem entender como orientalistas, mas, na verdade, representam a ligação com o passado da grande civilização árabe. No entanto, suas obras acabam refletindo os dias atuais. Khemir tornou-se conhecido como autor e diretor dos filmes que fazem parte da trilogia do deserto (exibidos na 5ª Mostra Mundo Árabe de Cinema do ICArabe). Cada um deles tem um mote especial, mas todos se entrelaçam e se conectam. O último, Baba Aziz, foi bastante aclamado pela crítica internacional e bem recebido em diversos países onde continua sendo exibido. Para Khemir, o filme foi uma oportunidade de combinar o mundo árabe e o Ocidente, entremeando e mostrando a essência de sua herança religiosa, que tem sido fortemente hostilizada no mundo moderno. “Suponhamos que você esteja em uma rua andando com seu pai e ele caia e suje seu rosto. O que você faz? Ajuda a limpar a lama do rosto”, diz Khemir. “Narrativa, para mim, é transcendente. Ela se torna transcendente por meio da abstração. É um tipo de Islã também.” Em meio a todo o sucesso de Baba Aziz, Khemir se preocupa em falar sobre a dignidade e o orgulho de pertencer a uma cultura de humanismo e universalidade.
Philippe Aractingi é de origem franco-libanesa. Nasceu em Beirute, onde cresceu. Já realizou mais de 40 filmes ao redor do mundo, entre reportagens, documentários e obras de cunho mais pessoal. Autodidata e humanista, ele passou 12 anos na França, regressando ao Líbano para realizar Busta (Ônibus), primeiro musical pós-guerra do país. Ônibus foi um verdadeiro sucesso no Líbano e em todo o mundo árabe, tendo estreado em mais de 20 países. Foi apresentado no Brasil durante a 3ª. Mostra Mundo Árabe de Cinema (2008). O filme foi indicado para representar o Líbano nos oscares em 2006. Em julho daquele ano, quando o seu país foi de novo arrasado pela guerra, Philippe Aractingi reagiu de imediato, filmando seu segundo longa-metragem em cenário de guerra, Sob as bombas.